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Bento XVI: todos podem encontrar Jesus

Todos nós podemos “encontrar o Senhor Jesus, que incessantemente acompanha nosso caminho, faz-se presente no pão eucarístico e em sua Palavra para a nossa salvação”, afirmou hoje Bento XVI, por ocasião da audiência geral dedicada ao monge beneditino do século XII Ruperto de Deutz.
Durante o encontro realizado na Sala Paulo VI, o pontífice recordou os ensinamentos mais significativos deste importante teólogo, que soube “conjugar o estudo racional dos mistérios da fé com a oração e a contemplação, considerada como o cume de todo conhecimento de Deus”.
Em uma época “marcada pelos enfrentamentos entre o papado e o império, por causa da chamada ‘querela das investiduras’”, Ruperto soube escolher o caminho do exílio para poder permanecer fiel ao pontífice, mostrando que, “quando surgem controversas na Igreja, a referência ao ministério petrino garante a fidelidade à sã doutrina e dá serenidade e liberdade interior”.
Ruperto, segundo recordou o Papa, interveio em várias importantes discussões teológicas da sua época, como “decidido defensor do realismo eucarístico” contra os que propugnavam “interpretação reducionista da presença de Cristo no sacramento da Eucaristia”.
Este é um ensinamento de grande atualidade para a nossa época, explica o Papa, na qual “existe o perigo de redimensionar o realismo eucarístico, isto é, considerar a Eucaristia quase como somente um rito de comunhão, de socialização, esquecendo muito facilmente que na Eucaristia realmente está presente Cristo ressuscitado – com seu corpo ressuscitado –, que se coloca em nossas mãos para fazer-nos sair de nós mesmos, incorporar-nos ao seu corpo imortal e guiar-nos assim à vida nova”.
Outra controversa da qual o monge de Deutz participou estava relacionada à “conciliação da bondade e onipotência de Deus com a existência do mal”.
O abade reagiu contra a postura assumida pelos professores da escola teológica de Laon, que afirmavam que “Deus permite o mal sem aprová-lo e, portanto, sem querê-lo”.
Ruperto, explicou o Papa, “parte da bondade de Deus, da verdade de que Deus é sumamente bom e não pode deixar de querer o bem. Assim, identifica a origem do mal no próprio homem e no uso equivocado da liberdade humana”.
“Quando Ruperto enfrenta este tema, escreve páginas cheias de inspiração religiosa para louvar a misericórdia infinita do Pai, a paciência e a benevolência de Deus pelo homem pecador.”
Como outros teólogos do Medievo, também Ruperto se perguntava por que o Verbo de Deus, o Filho de Deus, se fez homem, afirmou o Papa, acrescentando que a sua é “uma visão cristocêntrica da história da salvação”.
Ruperto “sustenta a postura de que a Encarnação, acontecimento central de toda a história, havia sido prevista desde a eternidade, ainda independentemente do pecado do homem, para que toda a criação pudesse louvar Deus Pai e amá-lo como uma única família reunida ao redor de Cristo, o Filho de Deus”.
Ele “vê então, na mulher grávida do Apocalipse, toda a história da humanidade, que está orientada a Cristo, assim como a concepção está orientada ao parto, uma perspectiva que foi desenvolvida por outros pensadores e valorizada também pela teologia contemporânea, a qual afirma que toda a história do homem e da humanidade é concepção orientada ao parto de Cristo”.

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