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Cardeal Levada sobre ecumenismo: “mundo anseia pela unidade sinfônica”
3/15/2010 12:09:00 AM | Postado por
Grupo enchei-vos do E.S de Deus |
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O objetivo do ecumenismo é a união com a Igreja Católica, união essa que a transforma e enriquece, afirmou o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William Levada.
O cardeal se pronunciou em uma palestra na Queen's University de Kingston (Canadá), ocorrida no sábado, sobre a Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus, documento que permite aos anglicanos entrar em plena comunhão com a Igreja Católica. O canal de televisão Salt and Light divulgou uma transcrição não oficial do discurso do purpurado.
O purpurado destacou que, para muitos anglicanos, a Constituição Apostólica representa um desenvolvimento lógico dos trabalhos realizados no âmbito do diálogo ecumênico entre anglicanos e católicos desde o Concílio Vaticano II.
Em seguida, destacou os marcos mais importantes deste trabalho, conduzido pela comissão mista internacional anglicana-católico romana (ARCIC). As conclusões alcançadas pela comissão já foram aprovadas pelas autoridades anglicanas e pelo Vaticano.
“Como resultado do trabalho da ARCIC, aumentam as esperanças nos círculos ecumênicos”, constatou o purpurado. “Muitos anglicanos e católicos viram nas declarações conjuntas um caminho para o reconhecimento mútuo de uma expressão comum de sua fé”.
Autoridade
De qualquer modo, outros obstáculos estariam à espera dos anglicanos, visto que a Comunhão Anglicana passou permitir a ordenação de mulheres e de homossexuais.
O ponto crucial nestas considerações, disse o cardeal Levada, é a questão da autoridade, a partir de duas perspectivas principais: a revelação de Deus em Jesus Cristo e nas Escrituras pretende nos dar a conhecer a vontade de Deus de uma forma que exige nossa obediência? Em segundo lugar, Deus, em Cristo, deixou à sua Igreja alguma autoridade com a qual pode assegurar que conheçamos o significado correto da revelação, em meio a interpretações humanas por vezes mutáveis?
Neste contexto, o cardeal explicou que o arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, e Bento XVI “aprovaram a instituição da ARCIC, cuja missão é levar adiante o diálogo bilateral, com o tema ‘Igreja e Comunhão – Local e Universal’”.
Ecumenismo
Na segunda parte de sua conferência, o purpurado se concentrou no verdadeiro significado do ecumenismo.
“O objetivo do ecumenismo é a união com a Igreja Católica”, declarou.
“Trabalhar tendo em vista a união exige mudanças nas Igrejas e nas comunidades eclesiais empenhadas no diálogo” – o que, segundo ele, enriquece a Igreja Católica.
“Quando falo em enriquecimento, não me refiro ao acréscimo de elementos essenciais de santificação e verdade da Igreja Católica. Cristo estabeleceu todos os elementos fundamentais. Mas me refiro ao acréscimo de novos modos de expressar estes elementos essenciais”, disse o cardeal.
“A novidade é que às verdades e elementos perenes de santidade já presentes na Igreja Católica somam-se novas abordagens”, o que possibilita que os “vários grupos de fiéis chamados por Cristo a unirem-se em perfeita comunhão recíproca” possam fazê-lo “harmoniosamente”.
Sinfonia
Em sua explicação sobre o ecumenismo, o cardeal Levada usou como metáfora a imagem de uma orquestra.
“A união visível com a Igreja Católica pode ser comparada a uma orquestra”, afirmou.
“Alguns instrumentos são capazes de soar todas as notas, como é o caso do piano. Não há nota do piano que não possa ser tocada ao violino, harpa, flauta ou tuba, mas, quando todos estes instrumentos soam juntos as mesmas notas do piano, estas são enriquecidas e melhoradas. O resultado é sinfônico, a plena comunhão”.
“Poderíamos dizer que o movimento ecumênico pretende levar da cacofonia para a sinfonia todos aqueles que executam as mesmas notas da clareza doutrinal e a mesma atividade de santificação, observando o ritmo da conduta cristã na caridade, e preenchendo o mundo com o som esplêndido da Palavra de Deus”.
“Se os outros instrumentos são afinados com base no piano, isto não implica que, durante o concerto, estes sejam substituídos por um piano. É vontade de Deus que todos aqueles a quem Ele destina sua Palavra ouçam uma agradável melodia enriquecida pela contribuição de diversos instrumentos”.
“A unidade desejada por Cristo é visível; não é algo ilusório nem inalcançável”, concluiu.
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